sábado, 29 de setembro de 2007

MALÁRIA, A INDÚSTRIA DA MORTE EM ANGOLA


Mais de 7 mil pessoas morreram como consequência de malária, em Angola, durante o ano de 2006.
A doença foi responsável por 30 por cento na taxa de mortalidade anual no país, sendo deste modo, a primeira causa da morte em Angola.
Só em 2006, Angola registrou cerca de 1,8 milhão de casos de malária, resultando na morte de 7,7 mil pessoas, um número considerado bem abaixo dos anos anteriores, quando a doença chegou a fazer anualmente 12.709 óbitos.Ainda assim, a doença continua sendo a principal causa de morte no país. O governo angolano acredita que a recente diminuição é consequência de um programa integrado do controle da doença baseado na introdução de um novo medicamento para o combate da doença, denominado Coartem.Para Milton Saraiva, director-adjunto do Programa Nacional de Luta Contra a Malária, está a ser implementado um programa integrado de controlo da doença que se baseia na introdução do novo medicamento com base na artimisinina, prevendo-se eficaz no combate à doença.De acordo com os dados de 2006, a província do Huambo no planalto central foi a mais afectada pela malária, com 443.215 casos e 1.412 mortos. Em seguida aparece Luanda, com 253.531 casos e 648 mortos.As acções como a distribuição de mosquiteiros impregnados de insecticida, pulverização intra e extra domiciliar, reforço do diagnóstico e o correcto manuseio de todos os casos sintomáticos tem ajudado na diminuição dos casos de malária.Para as autoridades sanitárias angolanas, os números oficiais de casos de malária em Angola, actualmente estimados em quase milhões por ano, deverão ser substancialmente reduzidos em 2007.
De acordo com Filomeno Fortes, o director nacional do Programa de Luta contra a malária, os casos da doença em Angola "não vão registar níveis alarmantes" este ano devido ao aumento da cobertura nacional de redes de mosquiteiros, mas também porque a estação das chuvas não foi tão intensa como em anos anteriores. A melhoria da qualidade do diagnóstico e tratamento da doença ao nível hospitalar também vai contribuir, segundo Filomeno Fortes, para reduzir os níveis de malária em Angola. "O objectivo nesta fase é evitar que a malária aumente", afirmou Filomeno Fortes, salientando que, ao nível da SADC, Angola apresenta actualmente "uma situação privilegiada em termos de controlo da doença". As mortes provocadas por malária em Angola diminuíram 39,4% em 2006, enquanto o número de casos caiu 31,3%.

A doença

A malária é uma doença às vezes fatal causada pelo vírus "Plasmodium falciparum" e afecta todos os anos entre 300 e 500 milhões de pessoas, principalmente nas zonas tropicais.A doença é a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos, que ainda não têm o sistema imunológico desenvolvido, além de provocar a morte de cerca de dez mil mulheres infectadas no período de gestação, em que perdem a imunidade diante do parasita.

Quadro Epidemiológico no continente

A malária coloca um grande desafio à saúde mundial. Anualmente, há pelo menos 300 milhões de novos casos de malária, um milhão de mortes causadas pela doença e mais dois milhões de mortes relacionadas com a mesma. A África subsariana é a região mais afectada, com 80% do total de casos e 90% das mortes por malária de crianças com menos de cinco anos.
A prevenção da doença passa pela distribuição de redes mosquiteiras, um método barato e eficaz porém, a assimetria entre meios urbanos e rurais e entre ricos e pobres é profunda: nas cidades há seis vezes mais hipóteses de usar redes mosquiteiras do que nas zonas rurais e, para os 20% mais ricos da população, essa probabilidade é 11 vezes superior a dos 20% mais pobres. Segundo o relatorio da ONU (Organização das Nações Unidas), apenas 5% das crianças com menos de cinco anos dormem com mosquiteiros nos paises da África subsariana.

Ajuda internacional

Para reduzir para metade os índices de prevalência da doença, o governo angolano disponibilizou este ano um orçamento de 5,5 milhões de dólares e contou também com uma doação de 15 milhões de dólares do governo norte-americano no âmbito da iniciativa do Presidente George W. Bush contra a malária na África.Em Fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde de Angola recebeu uma doação de medicamentos no valor de 860 mil, composta por 580 mil conjuntos do medicamento Coartem.A Iniciativa Presidencial contra a Malária, IPM, criada pelo Presidente norte-americano, George W. Bush, conta distribuir este ano em Angola 450 mil mosquiteiros tratados com insecticida de longa duração e pulverizar cerca de bairros suburbanos nas províncias da Huíla, Cunene e Namibe, Cabinda, Lundas , Moxico Uíge e Zaire.
O programa contra o paludismo financiado por Washington foi lançado em Junho de 2005 com um orçamento de 1.200 milhões de dólares, para reduzir a metade a incidência desta doença num período de cinco anos.
Desde que foi posto em marcha já beneficiou seis milhões de africanos e espera-se que em 2007 chegue a outros trinta milhões de pessoas dos quinze países africanos mais afectados, nos quais a doença cobra por ano a vida de pelo menos um milhão de crianças menores de cinco anos.
Outra ajuda significante é do bilionário Bill Gates que sensibilizado com a morte de milhões de crianças em todo mundo disponibilizou 258,3 milhões de dólares para programas de combate à malária.
A Fundação Bill e Melinda Gates vai financiar num período de cinco anos, três projectos internacionais de combate a malária.
O dinheiro destina-se aos projectos da Liverpoll School of Hygiene and Tropical Medicine que visam estudar formas de controlo do mosquito que espalha a doença.
Outros projectos visam o desenvolvimento de novos remédios e insecticidas seguros para o meio ambiente.

Vacina

A medicina ainda não conseguiu dominar a doença os cientistas trabalham actualmente no desenvolvimento de uma vacina, eficaz, contra malária que poderá estar disponível em 2010.
A pesquisa sobre a vacina foi publicada no jornal de medicina Lancet e, segundo cientistas, é a mais promissora de muitas que estão a ser feitas.
A vacina foi experimentada a 2.022 crianças em Moçambique e reduziu em 58% a incidência da doença.
Ha seis anos, um outro de cientistas da Holanda, Tanzânia e Grã-Bretanha havia descoberto que um fungo nativo do leste da África poderia ser usado no combate à malária.
De acordo com os especialistas, quando o fungo infecta certos insectos, entre eles o mosquito transmissor da malária, ele cresce rapidamente e mata o animal.
Segundo ainda o mesmo estudo, o fungo diminui a expectativa de vida do mosquito em dois terços, para apenas sete dias.
Experiências feitas na Tanzânia, onde os cientistas cobriram 20% das superfícies em que os mosquitos "descansam" com lençóis contendo o fungo, levaram a uma queda de 76% de incidência da doença.

O combate a malária é o sexto objectivo do desenvolvimento do milenio, René Ernest, a coordenadora, na Alemanha, das metas do milénio mostrou-se céptica quanto a redução para cinquenta por cento ou a erradicação da malária em 2015 a atender pelos actuais indicadores da proliferação da doença.
Depende muito do que queremos atingir. Eu penso que neste momento não estamos a fazer um bom trabalho para travar a doença. Acho que poderíamos fazer melhor, com intervenções eficazes para travar o mosquito. O problema é que não temos vacina contra a a malária e assim é difícil combater”.
Para a oficial das nações unidas o número de países em que o mosquito da malária existe está a crescer e o próximo objectivo deveria ser travar a expansão da doença. A dúvida de acordo ainda com René Ernest é saber se essa meta será mesmo atingida em 2015. Os indicadores que são apresentados agora indiciam que não será possível combater a malária de imediato.

2 comentários:

Soberano Kanyanga disse...

Faz tempo que esta página reclama por um novo texto. A que se deve a ausência/demora?

Canhanga

ANNA MATHAYA disse...

Bom quando nossos Jornalists nos brindam com blogs noticiosos. Mas o que aconteceu com este??? sumiu simplesmente!!????