Dançar o Carnaval
É assim! Ano após ano, desde 1978. Durante um longo período realizou-se em Março. Depois, o Carnaval da Vitória vergou-se aos ventos da mudança e a sua comemoração passou a adequar-se ao calendário litúrgico. E assim, anualmente, entre Fevereiro e Março, o asfalto escaldante da Marginal acolhe, em Luanda, o acto central daquela que é considerada a maior manifestação cultural do povo angolano.
Hoje, todos os caminhos vão dar à avenida 4 de Fevereiro, a nossa Marginal. Passos cadenciados, ritmos dominados pela percussão, tons vigorosos e gestos típicos do continente negro, misturados com manifestações culturais de outras proveniências farão a festa. À semelhança de vestes garridas, máscaras, coroas, insígnias, rainhas e reis que são outros traços característicos do nosso Carnaval.
Recuperando paulatinamente o brilho dos tempos áureos, os foliões de hoje buscam referências em figuras como a do mais velho Morgado “que roubou bacalhau na Alfândega” e cuja fama sobreviveu ao tempo. Mais recentes, mas nem por isso menos emblemáticos são os lendários mestre Geraldo ou o comandante Desliza que há um par de meses empreendeu a derradeira viagem.
Ainda assim, e porque a vida continua, outros deslizares levantarão a Marginal que tenta recuperar o brilho do período dourado em que a realidade se confundia com a fantasia e as piadas desencadeavam lutas intermináveis, embora nem todos pudéssemos dançar na avenida Marginal como o fazemos agora que “a festa é nossa”, conforme exalta o refrão popular.
Viva a grande festa popular ao som do semba, da varina, da kazukuta, da kabetula e da dizanda, a grande homenageada desta edição. E como profetizava o poeta “Ao nosso Carnaval” voltamos, perpetuando a tradição.
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