segunda-feira, 28 de abril de 2008

DESENVOLVIMENTO DE ÁFRICA PASSA POR JAPÃO

Ministros africanos preparam a cimeira da TICAD IV

Paulo Julião, em Libreville*

Cinquenta ministros do continente africanos estão a preparar , aqui em Libreville-Gabão, a quarta Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África, também conhecida por TICAD IV, a ter lugar entre os dias 28 e 30 de maio na cidade de Yokohama-Japão e, cujo objectivo será analisar as questões ligadas ao desenvolvimento económico e social dos países africanos e a ajuda que o governo nipónico pode prestar a esse respeito.
Angola esta a participar na reunião que hoje, sexta-feira conhece o seu fim, com uma delegação chefiada pela ministra do Planeamento, Ana Dias Lourenço e que integra os embaixadores do nosso países no Japão, Albino Malungo, no Gabão Emílio Guerra, e Joaquim de Lemos, director para Ásia e Oceânia do Ministério das Relações Exteriores e coordenador nacional do para a TICAD IV .
A reunião ministerial, preparatória, da cimeira da TICAD IV debruçou-se fundamentalmente sobre a declaração a ser adoptada em Yokohama, e que deverá em termos gerais contemplar as questões ligadas ao desenvolvimento económico sustentável em África, como são o crescimento económico, segurança humana, consolidação da paz e democratização, Meio ambiente-mudanças climáticas e por fim a cooperação Ásia/África e outros.
A quarta Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África, TICAD IV deverá, também, conceder financiamentos a países africanos , dando prioridades às acções que visam a redução da pobreza e exclusão social, tais como comércio, investimento, desenvolvimento de infra-estrutura e agricultura e, igualmente apoio aos projectos no âmbito da NEPAD.
Quanto a segurança social, o compromisso da TICAD IV consistirá na garantia da assistência técnica e financeira aos países africanos para atingir as metas dos objectivos de desenvolvimento do milénio, incluindo a consolidação da paz e o incremento do apoio a democratização dos países africanos.
No domínio da consolidação da Paz e Democratização, o quadro estratégico da cooperação entre o Japão e os países africanos no âmbito da TICAD IV vai inclinar-se no apoio as Instituições, programas e processos dedicados ao controlo de armas ligeiras e de pequeno porte, projecto de formação na área de resolução de conflitos e na reconstrução de países destruídos pelos conflitos armados.
Uma outra aposta da TICAD IV será o desenvolvimento dos recursos humanos e o reforço institucional nas áreas da governação dos países do nosso continente e encorajar os doadores a concederem financiamentos para a preparação e disseminação das melhores práticas resultantes da avaliação de pares.
Os japoneses estão preocupados com alterações climáticas que se registam em todo mundo e, vão aproveitar a cimeira da TICAD IV, para abordar com os seus parceiros africanos este grande desafio que se coloca sobre a humanidade e elaborarem estratégias referentes as questões ambientais e assistência técnica visando adoptar mecanismos para vencer os obstáculos ao progresso e crescimento sustentável dos países africanos, nos sectores de energia, água e calamidades naturais.
Este último ponto foi de resto, o que representou maior preocupação por parte dos ministros africanos que desejam estudar com o seu parceiro, Japão, o financiamentos de projectos específicos de combate a desertificação, cheias e a irradicação de algumas doenças, como a poliomielite.
Os africanos desejam que a relação com Tóquio seja feita numa base transversal, pois tem havido quase que uma imposição dos doadores para que os países que recebem ajudas satisfaçam, exclusivamente, as exigências de quem empresta ou doa o dinheiro, sem se ter em contas as prioridades estratégicas do parceiro.
A Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África, TICAD é realizada de cinco em cinco anos e foi criada em 1993 por iniciativa do governo japonês e visa ajudar os países africanos a desenvolverem as suas economias.
Quanto a parceria alargada, a declaração a ser aprovada no próximo de Maio, Yokohama-Japão, poderá sublinhar a importância da cooperação Ásia/África, incluindo a promoção do investimentos nos dois continentes.
No último dia da reunião, os países do magrebe, Argélia, Egipto e Marroco introduziram um elemento novo na abordagem da cooperação entre o Japão e África. Os três países dizem valerem-se das suas experiências para servirem de intermediários na discussão directa dos projectos que os restantes países africanos deverão submeter ao financiamento nipónico. Uma proposta que não colheu nenhuma simpatia dos presentes aqui em Libreville.
No que a Angola diz respeito, a cooperação económica com o país do “sol nascente” tem incidido em duas áreas, nomeadamente, a Ajuda Pública ao Desenvolvimento que se subdivide em: cooperação não reembolsável, a cooperação técnica e a cooperação comercial/empresarial.
O governo angolano já submeteu ao Japão, nesses 17 anos de cooperação, de 1990 a 2007, vários projectos para financiamento no quadro da ajuda não reembolsável, nos domínios da saúde, educação, reinserção social, obras públicas, agricultura , telecomunicações, transportes e Energia e Águas. 35 desses projectos receberam a luz verde dos japoneses que para isso desembolsou ate ao momento 300 milhões de dólares americanos para construção e reabilitação de várias infra-estruturas de impacto social, com destaque para a reconstrução e reequipamento do Hospital Josina Machel em Luanda, apetrechamento da Maternidade Lucrecia Paim, melhoramento de equipamento médico em algumas unidades dos cuidados primários na capital do país, construção de escola em vários municípios também de Luanda, entre outros projectos.
Ainda no quadro da ajuda não reembolsável, o sector dos transportes do nosso país vai beneficiar-se, nos próximos tempos, com trinta milhões de dólares americanos para cobrir programas de reabilitação de emergência dos Portos comerciais do Lobito e do Namibe. A assinatura do referido acordo de financiamento está prevista para o presente ano.
No domínio técnico Japão quer emprestar a Angola do melhor que tem, oferecendo formações em mestrados e doutoramentos de diferentes especialidades. Ainda no âmbito da ciência e tecnologia, os japoneses vão criar em Angola um laboratório de biotecnologia especializado em microbiologia e genética, deverão igualmente montar uma unidade de pesquisa e fabrico no domínio da energia solar, a massificação do uso de tecnologias de informação e comunicação e construção de parques tecnológicos em Luanda, Huambo, Cabinda e Benguela.
Refira-se que mesmo com esse elevado volume de negócios, Angola e Japão ainda não rubricaram o acordo geral de cooperação.

* Jornalista da RNA.

2 comentários:

Soberano Kanyanga disse...

PJ,
Penso que deves ser mais regular na publicação de matérias na tua página de modo a que as pessoas possam nela encontrar o que procuram e a tenham como paragem "obrigatória".
Um abraço.
Canhanga

José Jorge Frade disse...

Saudações de um blogueiro amigo de Angola!